No universo das redes sociais, tudo parece mágico. Sorrisos congelados em ângulos perfeitos, dias ensolarados mesmo em meio ao caos, relacionamentos que mais lembram enredos de cinema. Mas a vida real aquela que pulsa quando o celular está virado para baixo raramente é tão editável.
A internet virou vitrine. Um lugar onde se expõe o melhor corte do dia, o prato mais bonito da semana, a viagem mais invejável do mês. E, curiosamente, é nesse cenário aparentemente perfeito que muita gente esconde suas rachaduras mais profundas.
Já percebeu como algumas pessoas têm timelines impecáveis, mas quando você encontra ao vivo, parece que falta cor no olhar? É como visitar um cenário de novela: belo por fora, mas sustentado por estruturas vazias por dentro. A verdade é que, muitas vezes, quanto mais alguém precisa provar sua felicidade, mais distante dela pode estar.
Estamos vivendo uma era em que o “como você é visto” importa mais do que o “como você se sente”. Em que a foto com filtro vale mais do que o desabafo com um amigo. Em que a paz interior foi trocada pela ansiedade de performar alegria.
Fingir plenitude virou hábito. Só que, no fundo, isso cansa. Cansa manter uma versão polida de si mesmo o tempo inteiro. Cansa não poder mostrar as falhas, os dias ruins, os momentos em que tudo desanda.
E aí vem a pergunta que cutuca: você está vivendo uma vida que te faz feliz ou uma que apenas parece feliz para os outros?
Talvez seja hora de lembrar que vulnerabilidade não é fraqueza. Que a autenticidade vale mais do que qualquer filtro bonito. E que, por mais likes que um post receba, nenhum deles substitui o conforto de ser quem você realmente é sem precisar provar nada a ninguém.
Quando as luzes do palco digital se apagam e o feed para de rolar, o que sobra? Essa resposta, só você pode dar. E ela não precisa ser perfeita só precisa ser sua.
A verdade é que, nesse esforço contínuo de parecer bem, muitos têm se perdido de si mesmos. Cada postagem cuidadosamente pensada, cada legenda otimista, cada foto estrategicamente escolhida… tudo isso vai criando uma versão editada da própria existência uma colagem de momentos altos que esconde, com zelo, os vales da jornada.
Mas e quando ninguém está vendo? Quando o quarto está escuro, o celular sem notificações, e o silêncio ecoa mais alto que qualquer trilha sonora de Reels? É nesse instante que a máscara começa a pesar, que o brilho do feed não ilumina mais o lado de dentro.
Vivemos tempos em que sentir-se exausto é normal, mas admitir isso soa como fraqueza. Em que estar presente nas redes parece mais urgente do que estar presente na própria vida. E, aos poucos, vamos nos afastando da nossa essência, na tentativa de pertencer a um mundo que só existe sob conexão Wi-Fi.
Talvez a maior coragem hoje seja ser de verdade. Mostrar os dias cinzas, falar das angústias, abraçar as imperfeições. Porque, no fim das contas, é no imperfeito que mora o real, o humano, o possível.
Então, antes do próximo clique, da próxima postagem, da próxima tentativa de parecer pleno… pare um instante. Respire fundo.
E se você fosse invisível nas redes, quem ainda saberia que você existe de verdade?