Onde os Sonhos Moram Depois da Infância

Sonhos não têm idade. Eles mudam de forma, mas continuam lá, esperando que você volte a ouvi-los com olhos mais maduros.

Onde os Sonhos Moram Depois da Infância (1)

Há um certo tipo de silêncio que só se aprende depois dos trinta. Não é o silêncio de quem não tem o que dizer, mas o de quem carrega muitas histórias dentro.

A infância sussurra de vez em quando em cheiros, em músicas, em lembranças meio empoeiradas e o adulto que nos tornamos, muitas vezes apressado, finge que não escuta. Mas escuta.

O tempo, esse artista teimoso, desenha camadas em nós. E por baixo da conta de luz, da reunião das 14h e do cansaço das 20h, ainda mora aquela criança que acreditava que um lençol era uma capa de super-herói. Que fazia amizade com formigas e chorava porque não podia morar dentro do parquinho.

Lembro do trecho do livro Mulheres que Correm com os Lobos, da Clarissa Pinkola Estés, em que ela diz que “quando uma mulher recupera sua natureza instintiva, recupera também sua vitalidade.” Talvez seja isso. Recuperar esse instinto é permitir que a criança que fomos volte a brincar, ainda que com menos areia e mais metáforas.

Sonhar não é uma questão de idade. É um estado de escuta. E, convenhamos, ninguém sonha melhor do que uma criança. O problema é que, ao crescer, a gente aprende a pedir permissão até para desejar.

Tornamos os sonhos burocráticos. Damos prazos, metas, planilhas. E esquecemos que alguns desejos só florescem quando deixamos o coração em paz.

Mas veja bem, maturidade não precisa significar o fim do encantamento. Ao contrário. Ela pode ser o solo fértil para que os sonhos brotem com mais raiz, mais propósito.

A menina que acreditava em mágica pode, sim, virar a mulher que constrói coisas lindas com as próprias mãos mas ela só não pode esquecer de onde veio esse brilho no olhar.

Já parou para pensar que muitos dos seus projetos mais bonitos nasceram de um desejo antigo, quase ingênuo? Uma vontade de ajudar, de criar, de ser livre… Aquilo que parecia “brincadeira de criança” era, talvez, a sua alma mostrando o caminho.

E quando você para de verdade para escutar esse passado que ainda vive aí dentro, o mundo muda de cor. Porque você começa a perceber que, às vezes, não é a vida que ficou mais difícil. É só que você deixou de conversar com quem sabia sonhar melhor.

A criança que você foi ainda mora aí. Talvez esteja só esperando um convite para sair pra brincar um pouco com você, entre um café e uma responsabilidade qualquer.

Agora, me diga com sinceridade:
será que você tem vivido… ou só tem crescido?

A diferença entre crescer e viver é sutil, mas profunda. Crescer é inevitável  o corpo muda, os dias correm, as contas chegam.

Viver, por outro lado, exige coragem. Exige presença, escuta e, talvez o mais difícil, uma certa dose de inocência recuperada. Não a ingenuidade cega, mas a capacidade de se maravilhar apesar de tudo.

Tem gente que coleciona diplomas, cargos e conquistas… e ainda assim sente um vazio que não sabe nomear.

Talvez seja saudade daquela criança que sabia encontrar aventura num quintal de terra e fazia planos com giz de cera. A mesma que não precisava de muitos motivos para sorrir bastava um balão vermelho ou uma tarde de sol.

Quando foi a última vez que você fez algo só porque sim? Sem esperar retorno, sem postar no feed, sem explicar para ninguém?

Esse tipo de gesto despretensioso pode ser a ponte que liga quem você foi à pessoa que se tornou. Porque, no fundo, não é sobre voltar ao passado é sobre resgatar o que de mais verdadeiro ele tinha.

Os sonhos da infância são mapas. Alguns se desbotam, outros mudam de direção, mas há sempre um ou dois que continuam pulsando, mesmo abafados pelo barulho do mundo.

Escutar esses sussurros é um ato de resistência  talvez o mais bonito de todos. É lembrar que viver também é brincar, mesmo que o brinquedo agora se chame projeto, ideia, ou escolha corajosa.

E se o mundo nos exige ser sérios, que sejamos sérios com aquilo que nos faz sorrir de verdade. Que a maturidade sirva para dar estrutura aos sonhos  não para enterrá-los.

Que a gente aprenda a equilibrar o boletim da infância com a agenda do adulto. Que entre metas e prazos, ainda sobre espaço para imaginar.

Porque sonhar, ao contrário do que nos disseram, não é uma fase. É uma linguagem. E quem sonha aprende a viver com poesia, mesmo em dias nublados.

 

Então… você ainda se reconhece nos olhos da criança que foi? Ou deixou de se olhar com a mesma ternura?

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