Quando a Terra Cala: O Silêncio que Apaga Nossa Música de Raiz

A voz da cultura local está desaparecendo. É hora de escutar com mais atenção quem canta a alma da nossa terra.

Jassa Mello Seleção Musical (247)

Sabe aquela canção que toca na rádio do interior, nas festas da cidade ou ecoa no fundo do barzinho de esquina, com letras que parecem ter sido escritas com as cores da própria terra?

Pois é. Esses sons nascidos da alma de quem vive aqui estão sendo engolidos por um silêncio que não se ouve, mas se sente.

Tem algo profundamente simbólico na voz de um cantor local. É mais do que uma melodia bonita é a memória cantada de um povo.

Quando um artista da nossa região canta, ele não apenas entrelaça notas: ele reconta histórias, revive tradições, traduz o modo de sentir daquele lugar.

E ainda assim, quantos desses artistas ganham o espaço que merecem?

A gente costuma valorizar o que vem de fora. Talvez porque a embalagem pareça mais chamativa ou o nome soe mais famoso.

Mas, enquanto isso, perdemos de vista algo valioso: a música local não é só som, é identidade. É o sotaque na canção, a cadência das palavras, o olhar da nossa gente transformado em arte.

A negligência com os talentos da terra é uma forma sutil e perigosa de apagamento cultural. Não se trata apenas de não tocar a música do fulano ou da banda da cidade vizinha.

Trata-se de calar narrativas inteiras. De impedir que novas gerações se reconheçam e se orgulhem da sua própria cultura sonora.

E tem mais: quando a gente deixa de apoiar o cantor da nossa rua, a compositora do nosso bairro, o instrumentista que dá aulas na escola municipal, não estamos só empobrecendo a arte estamos enfraquecendo a economia local.

Menos apresentações, menos festivais diversos, menos oportunidades. É um ciclo que se retroalimenta entre invisibilidade e escassez. Em falar nos festivais, bons tempos que não voltam mais…

Agora imagine o contrário. Imagine se os bares priorizassem músicos locais. Se os eventos da cidade abrissem espaço para artistas da região. Se houvesse mais editais, mais reconhecimento, mais aplausos sinceros para quem canta com alma  e por amor. Já pensou no impacto?

  • A cena cultural ganharia vida de verdade. As praças voltariam a ser palcos espontâneos, os jovens se sentiriam inspirados a criar, e a cidade teria sons que são dela  únicos, autênticos, vivos.
  • A economia giraria com mais justiça. Shows pagos, cachês dignos, gravações locais, cursos, workshops… Tudo isso movimenta renda e oportunidades para quem sempre ficou à margem, sem precisar sair de casa pra ser reconhecido.
  • A autoestima coletiva se elevaria. O povo se reconheceria na sua própria arte. Teríamos orgulho do que é nosso. Nossas festas seriam mais do que eventos: seriam celebrações de identidade.

Porém, enquanto a cultura local continuar sendo vista como ‘menor’ ou ‘sem valor de mercado’, ela seguirá sobrevivendo à base de resistência não de reconhecimento.

E nenhum artista deveria ter que provar seu valor apenas por insistência.

Essa valorização transforma tudo. Gera renda, movimenta o turismo, fortalece laços culturais. E, mais do que isso, devolve aos artistas locais algo que não tem preço: pertencimento.

O livro “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder, fala sobre a importância de quebrar padrões que nos limitam, para honrar aquilo que é essencial e verdadeiro. Talvez seja exatamente isso que precisamos fazer com a cultura local: romper com o costume de silenciar e começar a escutar com o coração.

Afinal, se não dermos palco à nossa própria voz, quem contará nossa história?

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