Vivemos numa vitrine diária. Acordamos já tentando caber no corpo esperado, no comportamento aceito, na imagem que os outros imaginam que deveríamos ser.
Somos incentivados desde cedo a “dar conta de tudo”, como se o fracasso fosse um luxo imperdoável.E sem perceber, vamos nos moldando à ideia de uma perfeição que ninguém alcança, mas todo mundo finge perseguir.
É exaustivo. Ser perfeito é uma maratona que não tem linha de chegada. É um salto constante para um ideal que muda de forma toda vez que achamos que estamos perto. A busca pela perfeição não é só cansativa é solitária. Porque, no fundo, ela te afasta até de si mesmo.
Já reparou como as pessoas mais encantadoras que você conhece não são as mais “certinhas”, mas sim as que carregam cicatrizes com orgulho? São aquelas que falam das falhas com leveza, que se permitem rir do erro, que vivem com a coragem de não agradar o tempo todo. A imperfeição nelas não é defeito é charme. É humanidade.
A escritora Brené Brown, em seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, fala exatamente disso. Ela mostra que a vulnerabilidade não nos enfraquece ela nos conecta. Porque quando você mostra suas falhas, você permite que o outro baixe a guarda também. E é aí que nasce a empatia.
Autenticidade é um ato de resistência em tempos de máscaras. E autoestima de verdade não nasce quando a gente se convence de que está “à altura” dos outros mas quando a gente entende que não precisa estar.
Ser imperfeito é natural. Forçar a perfeição é que é artificial. E essa pressão de “ter que dar certo o tempo todo” sufoca, adoece, isola. Não tem problema errar. Não tem problema chorar. Não tem problema mudar de ideia, começar de novo, ou não saber ainda o que fazer com tudo isso.
A vida não exige performance. Ela pede presença. Pede escuta. Pede entrega. E tudo isso só cabe em quem aceita o próprio processo com tropeços, desvios, imperfeições.
Então, antes de se cobrar mais uma vez, respira. Se pergunta com carinho:
Quem é você, quando ninguém está olhando e será que essa versão já não é o bastante?