Às vezes, a vida nos coloca diante de situações que machucam mais do que gostaríamos de admitir. Ser bloqueada da vida de alguém, sem explicações, sem direito a um diálogo, é como ser arrancada de um lugar que você acreditava ter construído com confiança.
É como se de repente você deixasse de ser uma pessoa com sentimentos para se tornar apenas um objeto com prazo de validade útil enquanto serve, descartável quando já não interessa.
Esse tipo de atitude revela muito mais sobre quem a pratica do que sobre quem sofre. Pessoas que carregam feridas não cicatrizadas, que não aprenderam a lidar com suas dores internas, tendem a agir de forma impulsiva, cruel e até doentia.
Elas se tornam incapazes de respeitar o que existe de mais humano em uma relação: a clareza, a reciprocidade e o cuidado com a história compartilhada.
O que resta, para quem é deixada para trás, é um silêncio pesado e perguntas sem resposta. Ainda assim, no meio da dor, existe também a possibilidade de compreender que não somos nós as descartáveis são eles que não sabem amar de forma inteira, que ainda não aprenderam a permanecer.
E aí fica a reflexão: quando alguém nos trata assim, o que é mais difícil de aceitar a perda dessa pessoa ou a constatação de que nunca fomos realmente importantes por ela?
Ser jogada para fora da vida de alguém, sem motivo, sem aviso, sem explicação… é uma violência silenciosa. Dói porque não é só a ausência que machuca, mas a forma. É a maneira fria e abrupta de ser tratada como se nunca tivesse significado nada.
É sentir que todo o carinho, todo o cuidado, todo o tempo investido foi apagado em um simples gesto: um bloqueio. Como se você fosse apenas uma lembrança incômoda a ser deletada.
E nessa hora, a mente se perde em perguntas que ecoam no peito: em que momento deixei de ser importante? O que fiz para merecer ser tratada como descartável? Será que algum dia fui realmente significante para essa pessoa, ou fui apenas um refúgio temporário para o vazio que ela carrega?
A verdade é que pessoas mal amadas, emocionalmente desorganizadas, vivem em um ciclo de fuga: fogem da dor, fogem do diálogo, fogem de si mesmas. E ao fugir, ferem. Ferem porque não sabem lidar com suas próprias sombras, e preferem transformar o outro em vilão ou em nada porque o nada, para elas, parece mais suportável do que a responsabilidade de olhar para dentro.
Mas e nós, que ficamos com o vazio? Como lidar com a sensação de ter sido usada e descartada? Como seguir acreditando no amor depois de ver de perto a frieza de alguém que um dia nos fez acreditar em afeto?
No fim, talvez a pergunta mais difícil seja: será que a crueldade dessas pessoas define quem somos ou apenas revela quem elas nunca conseguiram ser?
Então….foi no silêncio que….
Fui lembrança breve em teus olhos cansados,
um instante útil, um abrigo usado.
Depois, silêncio… seco, cruel,
como se eu nunca tivesse habitado tua pele.
Me bloqueias sem palavras, sem razões,
me reduz a vazio, a pó, a nada.
E eu que dei cor aos teus dias sem forma,
sou agora sombra sem direito à fala.
Não fui eu quem falhou, eu sei,
foi tua alma perdida que fugiu de si.
Feriste porque não sabes permanecer,
amas sem raiz, partes sem florir.
Mas me pergunto, na dor que não cala:
era eu quem não merecia, ou eras tu quem não sabia amar?
E o que dói mais perder alguém,
ou descobrir que nunca fui importante de verdade?